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sábado, 30 de janeiro de 2010
LTJ Bukem entrevista para DBonLine.com.br
Bukem e Mc Conrad
Daniel Williamson já faz as cabeças do público da música eletrônica desde o começo da era drum’n bass. Até mesmo antes, sua história nos toca-discos já se desenhava nos tempos da acid house. Sua discografia é repleta de lançamentos significativos para os junglists e são incontáveis suas turnês pelo mundo, tocando o som da Good Looking Records, seu selo.
Contrariando a impressão que muitos têm da cena jungle, LTJ Bukem – o nome pelo qual Daniel é amplamente conhecido – acredita com todas as forças na cena e no futuro desse estilo que para ele continua sendo de vanguarda.
Gentilmente, o ícone do atmospheric drum’n bass e autor de clássicos como as deliciosas “Progression Sessions” e do célebre remix para “Atlantis (I Need You)” concedeu uma entrevista exclusiva para o DNB Online, falando do lançamento do CD Fabric Live 46. Divirta-se:
DNB: Você tem todo este lado relacionado às festas, à música... Percebemos também que você tem uma forte ligação com o graffiti. Gostaríamos de saber se você tem algum hobbie que envolva arte, graffiti ou se você tem alguma espécie de envolvimento com o este movimento.
LTJ: Na verdade não, eu gosto muito de apreciar arte em geral e também graffiti. Mas não é algo com que eu tenha realmente um envolvimento, além disso.
DNB: E você tem algum hobbie? Só conhecemos o Bukem DJ e produtor.
LTJ: Eu gosto muito de esportes, jogo futebol, cricket e tênis. Eu acredito que, numa outra vida, eu fui um esportista (risos), certamente. Quando eu estava na escola, sempre me envolvi e me destaquei nos esportes. Hoje em dia ainda jogo futebol duas vezes por semana, jogo cricket quando posso. E também gosto muito de comida.
DNB: É mesmo? (risos) Que tipo de comida você gosta?
LTJ: Eu gosto de comida italiana, indiana, chinesa, japonesa, aprecio muito os pratos da cozinha asiática. Eu passei alguns meses na Tailândia e países da região, quando estava fazendo uma turnê por lá. Conheci Xangai, Pequim, Singapura, Japão e pude conhecer muito da comida deles neste período.
DNB: Legal! Agora, falando da sua música, especificamente do seu selo. Qual dos artistas que fazem parte dele você acha que surpreende mais?
LTJ: Acho que estamos vivendo um período em que produzir está um pouco mais fácil, se você comparar com como se produzia música há 10, 15 anos atrás. É possível produzir muito mais e mais rápido do que antes. Caras como Furney, Paul SG, Locksmith, assim como muitos outros artistas, conseguem produzir cinco ou seis tracks por semana, toda semana. São 20 tracks por mês e mais de 200 por ano! Isso é maravilhoso! Então acaba não sendo difícil selecionar tracks de diferentes artistas porque eles têm produzido muito. Tanto é assim que vocês podem perceber, nesse último álbum que eu comecei a mixar, que existem muitas tracks do Furney, pois ele produziu muito esse mês, e muita coisa que me agradou. Num outro mês poderia ser outro artista produzindo outras coisas, tudo depende do momento do artista, do que ele está produzindo. Furney, no momento, está sendo um artista muito produtivo e suas produções me agradam muito.
DNB: Ok, ok. E o tracklisting do seu Fabric Live é 100% de faixas da Good Looking Records. Você preparou algo especial e exclusivo para este CD ou ele representa o seu set de hoje em dia?
LTJ: Eu queria muito mostrar para as pessoas o que eu estou fazendo agora, eu queria também que fosse uma surpresa para o público. As pessoas pensam “Oh! Um set do DJ Bukem”, mas quando elas escutam é algo completamente diferente. Eu queria que representasse a Good Looking Recs, onde eu me encontro agora e onde eu estarei no futuro. Queria também que representasse como eu sou como DJ. Queria que fosse basicamente o que eu faço numa sexta ou sábado à noite para que as pessoas possam saber o que está rolando comigo neste momento.
DNB: E como você tem encarado os lançamentos em formato digital de música? Você acha que é uma vantagem?
LTJ: Eu vejo como uma vantagem sim. Eu toco com vinis, gosto muito dos meus dubplates. Mas eu sei que isso não é barato. Eu ponho muito do que eu sou na música que toco, muito do que eu gosto... mas eu sei que isso não é possível para todo mundo. Nesse sentido, o MP3, o Serato, etc... é fantástico porque, o artista pode produzir, por exemplo, 30 músicas em casa. E se ele tem a chance de uma gig em algum lugar? Como ele poderia fazer isso, com as músicas que produziu, não fosse o Serato? Eu acho que é uma forma, uma chance para os jovens produtores, que não tem o aparato que eu tenho, por exemplo, de se apresentarem, de poderem tocar nos lugares. E é interessante também, pois você pode carregar com você várias horas de música, coisa que eu não posso fazer com a minha case. Caras como o Marky dizem que isso é fantástico. Eu consigo levar comigo algo como seis horas de música, mas não seis dias, como é possível no formato digital. Eu tenho me apresentado, ultimamente, não só para tocar drum’n bass. Também tenho tocado, nos meus dias de folga, hip hop, jazz, soul em algumas gigs em clubes para aproximadamente 200 pessoas. Para essas apresentações, eu pego meus vinis e gravo em CDs. É muito útil poder fazer isso, ter outros formatos que você pode utilizar para tocar.
DNB: Que artistas de jazz você costuma carregar no seu case e tocar?
LTJ: Ah, eu gosto muito do Roy Ayers, Leroy Hutson, Bobbi Humphrey, James Brown, claro... Eu poderia ficar horas aqui listando artistas pra você.
DNB: São todos artistas mais antigos, não são?
LTJ: É, algo assim mesmo. Esse tipo de música é a base da minha vida, faz parte dos meus alicerces. Tramp Disco Stuff, Mace, Undisputed Truth, Sweet Thunder, Eddie Henderson, Linda Louis... (risos) Era isso que movimentava a minha vida no começo.
DNB: Quando vemos um MC se apresentando com um DJ, algumas vezes é um pouco entediante, pois o MC nem sempre sabe rimar de acordo com as batidas, no ritmo certo. Mas com você e o Conrad, isso não acontece porque a harmonia de vocês é perfeita. Como é seu relacionamento com ele?
LTJ: Ah, sim, ah, a nossa relação é legal! (risos) Ele canta comigo desde mais ou menos 1991, 1992, temos muito tempo de estrada juntos. Quando você passa tanto tempo junto de uma pessoa, você acaba conhecendo praticamente tudo sobre ela, as coisas boas, as ruins... e você acaba aprendendo a trabalhar bem com aquela pessoa, conseguimos pensar no que é vantajoso para nós dois. A gente se dá muito bem e eu adoro as letras, as rimas que ele faz. Ele gosta muito do que eu faço musicalmente também. Acho que é por isso que funciona. Ele está sempre lá, mesmo quando a track é nova e ele não conhece, às vezes ele nem rima por conta disso. Mas ainda somos movidos por isso, pela paixão que temos pela música, temos uma boa sintonia. Ele aproveita os espaços nas músicas e às vezes não rima por duas tracks seguidas porque, para ele, elas têm que ser ouvidas sem interferências. Acho que muitos MCs têm lições para aprender com o Conrad. Às vezes parece que eles acham que estão fazendo um show sozinhos quando, na verdade, estão trabalhando em conjunto com um DJ. Esse tipo de ação faz tudo ficar meio confuso e chato para o público. Eu venho de uma linha meio reggae do começo dos anos 80. Nessa época, os MCs desse estilo introduziam a música, falavam durante a mesma, tinham um jeito especial de fazer isso, sem atropelamentos. Acho que os MCs de hoje em dia deviam fazer mais isso, MC e DJ devem trabalhar juntos pelo público, ao invés de duelar quando estão no palco.
DNB: Ok, legal! Você tem uma grande participação na história da música eletrônica. Você passou pelo acid house e está envolvido com o drum’n bass hoje em dia. Se baseando nessa longa experiência, como você imaginaria/descreveria o futuro do drum’n bass musicalmente e como um movimento ao redor do mundo?
LTJ: Olha, eu acho que o drum’n bass está numa posição saudável hoje em dia. Eu estava lá no começo de tudo e, depois de algum tempo de vida do drum’n bass todo mundo estava rindo dele, dizendo coisas como “que tipo de música louca é essa?” ou “isso não tem futuro”... Enfim, eu sei que o tempo passou e eu estou aqui falando com você, que está aí no Brasil, sobre o drum’n bass e sobre a minha vida no drum’n bass em 2009. Acho que isso fala - e alto - por si só. Acredito que por causa da maneira que fazemos música hoje em dia – e qualquer um pode fazer música. Qualquer garoto consegue um laptop e obtém os programas, legal ou ilegalmente, senta e faz música em três ou quatro horas... nunca vai faltar música dos vários estilos abarcados pelo drum’n bass, assim como dos outros estilos. No drum’n bass, hoje em dia, temos vários estilos diferentes... temos sons orientados ao techno, ao minimal, ao souful, ao reggae bassline que é impossível você ficar entediado. E eu também acho que o drum’n bass é um dos poucos gêneros musicais que os produtores não têm medo de colocar ou usar qualquer sample ou idéia. Você não tem que ficar preso a nada, não tem que ter determinado som de teclado, determinada batida. Eu vejo que os artistas que produzem drum’n bass, quando entram no estúdio, produzem o que sentem que devem produzir, não seguem e nem estão presos a nenhuma regra. Desde que a música soe como eles desejam, tanto faz de onde veio o sample. E isso faz da cena drum’n bass algo muito excitante, acho que o fato de não ser tão comercial também ajuda, pois os artistas realmente sentem que não devem ficar presos. É ainda um movimento bem underground, e que está crescendo cada vez mais. Se essa entrevista tivesse acontecido há 18 anos atrás, eu não poderia falar pra você de todas as tours, de como temos viajado o mundo, de como a cada final de semana estamos em lugares diferentes. Não poderia te falar da Ásia, da América, da Austrália... então eu realmente acho que o drum’n bass está numa posição saudável, as pessoas ainda querem conhecer mais sobre o estilo, querem comprar música, acho que tem uma longa vida pela frente ainda.
DNB: Você acha que o drum’n bass vai ser sempre um movimento underground?
LTJ: Eu espero que não porque... é aquela coisa, né? Qual o sentido de se fazer uma música se você só vai tocar para a sua mãe? (risos) Eu quero que a música seja ouvida em todos os lugares, assim como eu também quero que os artistas não tenham que mudar seus estilos para se encaixarem e poderem ser ouvidos em todos os lugares. Quando ouvimos os primeiros sons de house, de hip hop, todos tinham um formato cru, orgânico... que soava fantástico... eu gostaria que o drum’n bass fosse a todos os lugares, desde que não tivesse que ter seu estilo mudado dramaticamente a ponto de não ser reconhecido.
DNB: Bom, acho que essas eram todas as perguntas que eu tinha. Muito obrigada, eu adorei a entrevista e gosto muito do seu trabalho, da sua música, de você tocando...
LTJ: Excelente! Primeiro de tudo, muito obrigado. E obrigado também pela paciência em fazer esta ligação, finalmente conseguimos fazer a entrevista. Também gostaria de dizer que quero ir muito para o Brasil em breve, vou conversar com o meu empresário sobre isso, faz muito tempo que estive por aí. Apresentei-me num Skol Beats há quatro anos atrás.
DNB: Você tem ouvido boas coisas sobre o Brasil?
LTJ: Ah, sim, eu converso com alguns brasileiros, tenho ouvido boas coisas sim. Algumas pessoas estão pensando em viabilizar uma turnê pela América do Sul, até o fim do ano... Espero que possamos realizar isso. Obrigado e até mais!
Fabric Live 46
Tracklist
01. Greg Packer - People's Music
02. Tidal - Impressions
03. Furney - Eerie Indiana
04. Villem - Inflated Tear (Madcap's Remix)
05. Paul SG ft. Eros Forever
06. Paul SG ft. Caine Lay Down
07. Paul SG ft. Andy Sim - Sweet and Fresh
08. Locksmith - 2 Minds
09. Specific - Time
10. Furney - Jambaleno
11. Phatplayaz - Fact Of The Unknown
12. Furney - Rhodeo Drive
13. Eveson - Kodama
14. Furney - Fearz
15. Tayla - Turn It Around
16. Locksmith - I'm Not Where You Are
17. Furney - Rhodes For D
18. Syncopix - So In Need
Entrevista: Andréa Lika Kikkawa
Tradução: Laiz Chohfi
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